
Das coisas que eu aprendi durante os últimos tempos: ser perfeita é impossível.
É certo que eu nunca me imaginei sendo uma mulher maravilha, de botas e hot pants salvando os fracos e oprimidos e resgatando os animais indefesos de perigos. O meu ideal de mulher, na verdade, sempre foi um misto de algumas mulheres que eu já conhecia. Se eu juntasse a minha mãe, a Oprah, a Carrie Bradshaw (de Sex and the City) e a Mary Poppins, com 2 filhos, uma vida sexual diariamente ativa, o trabalho dos sonhos na gerência de uma grande marca de moda e um namorado maravilhoso, então, eu seria feliz.
A gente às vezes se cobra demais e acha que precisa fazer tudo ao mesmo tempo, da maneira mais perfeita possível. A verdade é que a gente sempre vai ter que abdicar de alguma coisa pra ganhar outra. A Oprah, por exemplo, não tem filhos, a Mary Poppins tinha uma vida sexual de uma garota de 11 anos, a personagem da Sarah Jessica Parker descontava a depressão em sapatos. E a minha mãe passou anos trabalhando tanto que muitas vezes não conseguia chegar em casa antes dos filhos irem pra cama.
Hoje eu lembro da minha mãe, quando eu acordo atrasada depois de ter dormido 5 horas por noite, e pego a primeira roupa que acho no armário. Quando eu faço a minha maquiagem dentro do transporte público e vou dormindo por todo o resto do caminho. Não, a gente não precisa viver pra trabalhar. É só que hoje eu fiz algumas escolhas, pra que eu consiga fazer outras depois de amanhã. Nem sempre eu vou conseguir estar impecavelmente arrumada, não vou acordar de bom humor todos os dias, não vou conseguir administrar um filho, uma vida profissional e amorosa, pelo menos pelos próximos 10 anos. Mas vou chegar em casa de noite e vou ficar satisfeita porque o meu dia no trabalho foi bom, porque eu estou seguindo a carreira certa e estudando no melhor lugar em que poderia.
Ainda não vou conseguir ter mais de 24h num dia, mas aprendi que não existe essa coisa de “não ter tempo”, o que existem são as prioridades e as escolhas que você faz com elas. É tipo um super poder, não dá pra ter todos. Aprendi que a gente pode ser super mulher sendo mulher real, como foi, durante todos esses anos, a minha mãe (a mulher mais dedicada e sensível que conheço). Aprendi que mesmo que eu queira muito eu não vou ser essa mistura louca de Sarah Jessica Parker com Julie Andrews e Oprah Winfrey. Aprendi que temos limites físicos e emocionais. A lógica é como a de uma bexiga de festa, você a enche de gás, ela cresce e é impulsionada pra cima, mas quando a pressão é demais ela explode e se desfaz.
Ou seja, é possível voar sem ser mulher maravilha.
este A mulher maravilha somos todas nós é um conteúdo original Modices.